Pontas da Ponte
Madruga, no busão espremer bagaças, se quebrar.
Pingar graxa, raiva e dividas. Pregado.
Movimentos estropiados, contando minutos até o dia 5.
Registrado no avental da produção. Amuado.
Manhãzinha de domingo, caminhonete estrumbada.
Suar, arriar, trombar, correr, se quebrar.
Terra e inchaço na caneleira.
Fintas inéditas e volta da várzea gargalhando.
Carregar, descascar, picar, enxaguar, se queimar
Melar as mechas arrumadas ontem no salão
Cheiro de alho e revolta nos dedos.
Injuriada, na cozinha da madame.
Carregar, depenar, misturar, se cortar, decorar.
Encaracolar na fronte fios de Sol e pimeta.
A unha do esmalte novo partir.
Orgulhosa, altiva, na cozinha do santo.
Cansa os pés, incha as pernas, levanata, abaixa
Lingeiro com a esquina, de onde vem o rapa
Melodia do pregão, vendendo passes de trem e trólebus
Garganta cansada, recolhe o material, pula o muros com as tralhas
Se dobra e dança mas não desvia do cassetete
Força os braços, apruma na ponta do pé, sobe, abaixa.
Esperto na mandinga, foi mas não foi.
Harmonia na bateria, o cantador o corrido
Desarma berimbau, arame fere dedo, rouca será a madrugada
Costela pêga, resvalada. Abraço no fim do jogo. Axé.
Licença
Peço licença pra versar
Rimar a dor, rimar cariho
Sou guerreiro da palavra
Nesse chão de tanto espinho
Passarinho quer voar
Mas também gosta do ninho
O mundo é grande, é mar, é ar
Homem que é pequenininho.
Nossa arte não se engana
É irmã da liberdade
Nessas rodas mandigueiras
Cultivando a amizade
O versado é soberano
Ritmado é majestade
Semente que lavra o peito
E depois flora saudade.
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