ALLAN DA ROSA | Curta Saraus
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ALLAN DA ROSA

Published at 20:24 in ,

Pontas da Ponte

Madruga, no busão espremer bagaças, se quebrar.

Pingar graxa, raiva e dividas. Pregado.

Movimentos estropiados, contando minutos até o dia 5.

Registrado no avental da produção. Amuado.

Manhãzinha de domingo, caminhonete estrumbada.

Suar, arriar, trombar, correr, se quebrar.

Terra e inchaço na caneleira.

Fintas inéditas e volta da várzea gargalhando.

Carregar, descascar, picar, enxaguar, se queimar

Melar as mechas arrumadas ontem no salão

Cheiro de alho e revolta nos dedos.

Injuriada, na cozinha da madame.

Carregar, depenar, misturar, se cortar, decorar.

Encaracolar na fronte fios de Sol e pimeta.

A unha do esmalte novo partir.

Orgulhosa, altiva, na cozinha do santo.

Cansa os pés, incha as pernas, levanata, abaixa

Lingeiro com a esquina, de onde vem o rapa

Melodia do pregão, vendendo passes de trem e trólebus

Garganta cansada, recolhe o material, pula o muros com as tralhas

Se dobra e dança mas não desvia do cassetete

Força os braços, apruma na ponta do pé, sobe, abaixa.

Esperto na mandinga, foi mas não foi.

Harmonia na bateria, o cantador o corrido

Desarma berimbau, arame fere dedo, rouca será a madrugada

Costela pêga, resvalada. Abraço no fim do jogo. Axé.



Licença

Peço licença pra versar

Rimar a dor, rimar cariho

Sou guerreiro da palavra

Nesse chão de tanto espinho

Passarinho quer voar

Mas também gosta do ninho

O mundo é grande, é mar, é ar

Homem que é pequenininho.

Nossa arte não se engana

É irmã da liberdade

Nessas rodas mandigueiras

Cultivando a amizade

O versado é soberano

Ritmado é majestade

Semente que lavra o peito

E depois flora saudade.

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