Negra
Eu abri em mim as portas do século XXI
E sou o que guarda as coisas do passado
Engavetado entre papéis, chicotes
Alfarrábios que contém 2, 3, 4 milhões
Não foi nenhum nem dois
Foram milhões
E meu coração arde a culpa dos degredados
Dos sem pai, dos sem mãe, dos sem irmãos
Dos separados dos outros
Arde em mim a culpa e a dor dos que foram atados
As mãos presas a um destino
Cruel espólio de si mesmo
E de tudo quanto, à força, ficou para trás
Adeus Mama África
O horizonte descobrindo novos montes
Brasil tapete verde de cana e caldo de sangue
A pele preta dos pretos presos pregada nas argolas
Grilhões e correntes que ainda retinem na memória do tempo
Esse disco impagável que gira e move
O mundo o sol as estrelas
E eu que busco um guia nesta escuridão
Para que talvez eu possa compreender
Afinal
- O que é Consciência Negra?
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